Com a saída da Rússia do acordo de cereais que permitia escoar este produto vindo da Ucrânia, através do Mar Negro, os recentes ataques russos a portos e infraestruturas em Odesa e no Danúbio, Kiev tem a braços um problema logístico para conseguir escoar a produção. O potencial aumento de exportação para outros países europeus, numa altura em que os armazenamentos estão cheios, tem ameaçado fazer subir as tensões com outros Estados-membros da UE, como a Polónia, que teme a concorrência da Ucrânia no mercado de produtos agrícolas.
No entanto, a ajuda poderá estar para mais breve do que se espera, e a Comissão Europeia está a ponderar levantas as restrições à importação de cereais ucranianos, que foram impostas em cinco países (Bulgária, Hungria, Polónia, Roménia e Eslováquia), na sequência de queixas e protestos do setor da agricultura, que estava a entrar em colapso nestes territórios, por não conseguir competir com os preços dos cereais ucranianos.
Assim, as sementes de trigo, milho, colza e girassol originárias da Ucrânia podem ser importadas para qualquer país da UE e continuam a ser livremente comercializadas em todos os estados membros da UE, exceto nos cinco países referidos. No entanto, as restrições serão levantadas, segundo os planos da Comissão Europeia, já em setembro.
O gabinete de imprensa da Comissão adianta ao Ukrinform que o organismo está focado em “encontrar soluções” e garante que vai continuar a apoiar a Ucrânia.
“Estamos a trabalhar de forma intensiva com os cinco Estados-membros vizinhos, Ucrânia e Moldávia, para resolver os problemas logístico e de distribuição, e aumentar significativamente a capacidade das ‘vias solidárias'”, explica o executivo comunitário.
“O nosso principal objetivo é garantir que podemos retirar os cereais da Ucrânia, inclusive encontrando rotas alternativas ao Mar Negro e facilitando os fluxos comerciais por meio de infraestrutura melhorada (incluindo armazenamento) e procedimentos simplificados”, conclui a Comissão.
O organismo dianta que as restrições atualmente em vigor permitem que os produtos ucranianos circulem pelos 5 países da discórdia, mas através de um procedimento de transito aduaneiro comum, ou mediante sigam para fora da UE.
“Essas medidas preventivas vão ser eliminadas gradualmente, a partir de 15 de setembro”, explicou fonte comunitária.
A medida, ainda antes de ser confirmada, já motivava críticas da Polónia, que garante que não vai cumprir o estabelecido.
“Dizem que a 15 de setembro devemos reabrir as fronteiras – mas não o faremos. Estamos prontos para trabalhar para uma solução comum. A Comissão Europeia deve aceitar o ponto de vista dos agricultores poloneses”, sustentou o primeiro-ministro polaco, Mateusz Morawiecki.














